Você já se perguntou de onde vieram nomes como Lima, Pereira, Rodrigues, Costa, Souza e tantos outros? Nós temos as respostas!
Silva, Santos, Lima, Oliveira… quando se tornou necessário criar mais distinções para as pessoas não se confundirem umas com as outras, o homem olhou para a vegetação, para a geografia e para onde mais houvesse inspiração. O resultado: uma mistura de sobrenomes que já têm vários séculos de idade. Saiba quais são os mais presentes entre a população brasileira e como eles surgiram. Obs.: Como não há listagem oficial dos sobrenomes mais comuns no Brasil, o ranking a seguir é baseado em dados da Telefônica Vivo (SP). Os dados são referentes a 2013, ano de publicação desta reportagem.
1. Silva
Origem – Portugal Quantidade em SP – 698.448
Acredita-se que surgiu no Império Romano para designar moradores de regiões de matas – “silva”, em latim, é “selva”. Trazido ao Brasil pelos colonizadores, foi adotado também por escravos libertos. O registro mais antigo por aqui é de 1612
2. Santos
Origem – Portugal Quantidade em SP – 426.453
Sua origem é religiosa: era dado, em Portugal, a quem nascia no dia 1º de novembro – o Dia de Todos os Santos. Cristãos-novos (judeus convertidos que viviam na Península Ibérica) também o adotaram para fugir da Inquisição
3. Oliveira
Origem – Portugal Quantidade em SP – 244.173
O primeiro português a usar seria dono de uma vasta plantação de oliveiras, a árvore que produz a azeitona. O mais remoto membro da família é o lusitano Pedro de Oliveira, que viveu há cerca de 700 anos. Uma oliveira pintada de verde figura no centro do brasão
4. Souza (e Sousa)
Origem – Portugal Quantidade em SP – 232.295
É derivado do latim (“saxa”) e quer dizer “seixos” ou “rochas”. O nome pertenceu a uma família portuguesa que tinha ancestrais entre os visigodos, povos bárbaros do norte da Europa. Tomé de Souza, primeiro governador-geral do Brasil, foi um membro ilustre
5. Lima
Origem – Portugal Quantidade em SP – 108.139
A maior hipótese é que venha do rio espanhol Limia. A palavra celta significaria esquecimento: segundo a lenda, quem atravessasse Limia perderia a memória. Em Portugal, uma das primeiras famílias foi a de dom João Fernandes de Lima, senhor das terras de Limia
6. Pereira
Origem – Portugal Quantidade em SP – 94.451
Ao que tudo indica, é uma referência a uma propriedade que tinha uma plantação de peras, a Quinta de Pereira, localizada ao norte de Portugal. Quem usou o nome primeiro foi um rico e poderoso senhor do século 13, chamado dom Gonçalo Pereira
7. Ferreira
Origem – Espanha Quantidade em SP – 82.016
É uma referência a um lugar onde há ferro ou uma mina de ferro. Dom Álvaro Rodrigues Ferreira, que viveu na Espanha por volta de 1170, é, até onde se sabe, a pessoa mais antiga a ostentá-lo. No Brasil, foi introduzido por mais de uma centena de famílias diferentes
8. Costa
Origem – Portugal Quantidade em SP – 76.432
Estudiosos acreditam que tem origem geográfica: era usado para designar quem nascia em localidades junto ao mar (na costa), em oposição aos Silva, que viviam no interior – o que explicaria não haver importantes famílias Costa em Minas Gerais
9. Rodrigues
Origem – Portugal e Espanha Quantidade em SP – 71.231
Nome medieval, surgido nos séculos 14 e 15. O sufixo “es” (em Portugal) ou “ez” (na Espanha) identifica o parentesco paterno. Rodrigues, portanto, significa “filho de Rodrigo”. Já Rodrigo vem do germânico Hrod-rich, que significa “rico em glória”
10. Almeida
Origem – Portugal Quantidade em SP – 62.814
A palavra, de origem árabe, é composta do artigo definido “al” e do substantivo “ma¿ida” (“mesa”). Foi adotada como sobrenome em Portugal, onde pode ter assumido sentido geográfico: seria uma referência a chão plano ou planalto
11. Nascimento
Origem – Portugal ou Holanda Quantidade em SP – 60.145
Seria uma homenagem ao nascimento de Cristo: muitas crianças nascidas em 25 de dezembro o recebiam. Mas também pode vir do sobrenome Nassau, comum na Holanda. Nos países ibéricos, pessoas com Nassau como primeiro nome recebiam o sobrenome Nascimento
12. Alves
Origem – Portugal Quantidade em SP – 54.994
Abreviação de Álvares, que significa “filho de Álvaro” – portanto, um sobrenome patronímico (derivado do nome do pai). Certos historiadores acreditam que também possa vir de “alvar”, uma espécie de carvalho. Nesse caso, Álvares seria um lugar abundante em carvalhos
13. Carvalho
Origem – Portugal Quantidade em SP – 50.592
Os registros mais antigos remontam ao século 12. Faz referência à árvore de mesmo nome e é provável que seu primeiro adepto morasse perto de um carvalho. Boa parte dos Carvalho são judeus ibéricos convertidos, ou seja, que adotaram o sobrenome depois de sua origem
14. Araújo
Origem – Portugal e espanha Quantidade em SP – 49.024
Acredita-se que tenha surgido na Galícia, região ao norte da Espanha que faz fronteira com Portugal. Rodrigues Anes de Araújo, senhor do Castelo de Araújo, que ficava por lá, foi provavelmente a primeira pessoa a usar o sobrenome, por volta do século 13
15. Ribeiro
Origem – Portugal Quantidade em SP – 48.821
Tem origem no latim “ripariu”, que significa “rio pequeno” ou “riozinho”. Era adotado por pessoas que moravam em terras perto de cursos d¿água. Em Portugal, a família é de origem nobre e um de seus primeiros membros foi dom Ramiro, último regente do reino de Leão
Conheça as principais fontes de inspiração dos primeiros sobrenomes
Ocupação – No começo, muita gente escolheu sobrenomes que identificavam a profissão. É daí que vêm designações como Hunter (“caçador”, em inglês) e Carpenter (“carpinteiro”)
Localidade – Extremamente comuns, os sobrenomes toponímicos faziam referência a um lugar ou acidente geográfico onde a pessoa vivia. Exemplos: Fontes, Campos, Matos, Pinheiro, Ribeiro, Rocha, Costa, Silva…
Características – Traços físicos (“Pequeno”, “Longo”, “Forte”) também foram usados, assim como os de personalidade. Por exemplo: “Fox”, que quer dizer “raposa” em inglês, era usado para alguém considerado astuto ou inteligente, e “Fish” (“peixe”) para um bom nadador
Religião – Em países com forte influência religiosa, como Portugal, Itália e Espanha, era comum a adoção de designações religiosas, como Aleluia, Anjos, Assunção, Batista, Trindade e Graça, às vezes até como prenome
Adoção de mais de um nome surgiu por causa do aumento da população
+/- 2850 a.C. – Os sobrenomes passaram a ser usados há quase 5 mil anos, na China. Por volta de 2850 a.C., a população cresceu demais e já não dava para as pessoas terem um nome só. O Império Fushi então obrigou os chineses a ter três: um próprio, um da família e um terceiro extraído de um poema
+/- 500 a.C. – No Ocidente, o hábito foi adotado primeiro no Império Romano. Eles usavam três nomes: o “praenomen” (nome próprio), o “nomen” (que designava o clã ao qual pertenciam) e o “cognomen” (nome de família). Quando os romanos entraram em decadência, o uso dos sobrenomes caiu em desuso
+/- 1000 d.C. – Durante a Idade Média, com o crescimento da população, os sobrenomes ressurgiram na Europa. Era uma forma de identificar melhor as pessoas. Foram usados primeiro por nobres e senhores feudais e, depois, por comerciantes e plebeus. O mais comum eram os sobrenomes patronímicos, que fazem referência ao nome do pai (saiba mais na pág. 32)
+/- 1500 d.C. – No Brasil, os sobrenomes chegaram com a colonização. Cerca de 95% vieram de outros países, como Portugal, Japão, Alemanha e Espanha. Os 5% restantes têm origem indígena, como Capanema ou Pirajá. Muitos escravos libertos incorporaram os sobrenomes de seus antigos donos
Conheça os três sobrenomes mais comuns em alguns países do mundo
Alemanha – Müller, Schmidt, Schneider Argentina – González, Rodriguez, Gómez Canadá – Li, Smith, Lam China – Wang, Li, Zhang EUA – Smith, Johnson, Williams França – Martin, Bernard, Dubois Inglaterra – Smith, Jones, Taylor Itália – Rossi, Russo, Ferrari Japão – Sato, Suzuki, Takahashi Portugal – Silva, Santos, Ferreira Países árabes – Ali, Ahmedi, Ahmad
Árvores e bichos – Para fugir da Inquisição, muitos judeus e muçulmanos que viviam em Portugal e Espanha nos séculos 15 e 16 converteram-se ao catolicismo. Eles mudaram seus sobrenomes para coisas da natureza, como Leão, Carneiro e Pinheiro – embora essas nomenclaturas não sejam exclusivas deles
União pelo sangue – Não há sobrenome mais popular no Brasil do que Silva, mas esta não é a maior família do país, pois se divide em vários grupos familiares distintos. A maior família com laços consanguíneos é a dos Cavalcanti, de Pernambuco. Por lá, reza a lenda que “ou se é Cavalcanti, ou se é Cavalgado”
Nobres canibais – Para os índios canibais que viviam na época do Brasil colônia, sobrenome era uma questão de aquisição: eles iam agregando os das pessoas que comiam! Todos nasciam com apenas um e iam colecionando ao longo da vida – a quantidade era motivo de orgulho e ostentação
Assinatura em peso – A família imperial brasileira sempre teve nomes quilométricos (d. Pedro I tinha mais de 15 sobrenomes). Era uma forma de homenagear os antepassados mais próximos e também um hábito da nobreza portuguesa, que gostava de incorporar o nome de pais, tios e avós aos novos membros da família
Fontes Dicionário das Famílias Brasileiras, de Carlos Barata e Cunha Bueno, e sites Origem do Nome, Recanto das Letras e Geologia Carvalho
Consultoria Marcelo Amaral Bogaciovas, genealogista e presidente da Associação Brasileira de Pesquisadores de História e Genealogia (Asbrap)